Comprei no dia do lançamento a biografia de Paulo Coelho, escrita por Fernando Morais, menos pelo biografado que pelo biógrafo. Grata surpresa tive eu, que sempre nutri um preconceito gratuito contra tudo que tivesse a ver com Paulo coelho. Mistura de cafonice com esoterismo fora de lugar, o escritor só despertava em mim críticas e narizes torcidos. Pura burrice.
Nunca li nada escrito por Paulo, a não ser uma ou outra de suas colunas assinadas aos domingos no Globo, que, confesso, nunca me agradaram. Mas como poderia não gostar de algo que nunca provei? Eu sabia disso mas o fato é que, como aqueles gafanhotos horrendos que pessoas comem em troca de dinheiro na televisão, eu não queria experimentar O Alquimista, A Bruxa de Portobello ou Onze Minutos. A biografia fez com que eu desse a ele o benefício da dúvida.
Suicida em potencial, internado em manicômios, onde sofreu o pão que o diabo amassou, com quem, alias, afirma até ter se encontrado, Paulo também se afundou nas drogas e foi torturado pela ditadura, embora nunca tenha sido de esquerda. Até que transformou sua vida, ajudou a reformular o rock brasileiro e se tornou um dos autores mais lidos do mundo e numa marca brasileira capaz de ajudar até na candidatura do País à sede da Copa de 2014. Sua trajetória merece, portanto, respeito.
A biografia também resume os enredos de seus livros e alguns parecem interessantes, embora não baste ter uma boa história sem saber contá-la. E é aí que surge grande parte das críticas dirigidas ao autor. Ao analisar as mais agudas, reunidas por Fernando Morais em O Mago, tenho a impressão, no entanto, de que em algumas há os mesmos ingredientes que fomentaram a saraivada de tiros recebidos pelos indenizados por perseguições durante a ditadura, como Cony e Ziraldo: um pouco de cobiça, com pitadas de oportunismo. Tom Jobim tinha razão quando disse que no Brasil o sucesso desperta inveja.
É claro que a literatura de Paulo tem méritos, nem que seja o fato de ser lida por pessoas tão diferentes como uma empregada doméstica brasileira e o ex-presidente Bill Clinton. Além disso, há ainda o fato de muitos terem começado a gostar de ler por meio de seus livros. Críticas literárias podem - e provavelmente - existem, mas não podemos criticá-lo sem nunca ter aberto nenhum de seus best-sellers ou adotar uma postura ressentida por seu sucesso comercial como escritor.
A tempo: quem está curioso para entender o título do post, explico e sacio. Em entrevista a Playboy deste mês, Paulo afirma: “Sou o mais importante intelectual brasileiro”. Como diria a Hebe, é ou não é uma gracinha esse rapaz?
12.8.08
A cativante pretensão de Paulo Coelho
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Literatura
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2 comentários:
Eu não tenho tanta simpatia pelo Paulo, li O Alquimista e achei ridículo.
Para mim foi um dos piores que já li.
E que garoto metido, o mais importante intelectual brasileiro sou eu!
kkkkkkkkkk
É...o sucesso desperta inveja! Mas só a quem tem areia em vez de cerebro.
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