23.7.08

Dez anos de Hilda, dez anos de Arósio

Hilda (Ana Paula Arósio) e Malthus (Rodrigo Santoro) em uma das cenas mais marcantes da minissérie

Hoje faz exatamente dez anos que Ana Paula Arósio se despedia de sua Hilda Furacão, protagonista da minissérie homônima de 32 capítulos que a Globo exibiu em 1998 até o dia 23 de julho. Mais do que primeiro papel, a personagem marcaria a carreira da estreante atriz, lançando-a como uma das principais mocinhas do cast global.

Adaptada por Glória Perez a partir do romance também homônimo do escritor mineiro Roberto Drummond, a minissérie foi lançada em um dos anos que a Globo mais investiu no gênero, produzindo outros dois clássicos: Dona Flor e seus Dois Maridos (Dias Gomes) e Labirinto (Gilberto Braga).

Destaque absoluto entre as três, Hilda era bastante fiel ao texto de Drummond. Li o livro anos depois de assistir à adaptação e confesso não lembrar o que mudou na transposição para a TV. Sei apenas que a Hilda de Glória Perez era muito mais glamourizada que a Hilda de Drummond. A força da personagem, que escandaliza a tradicional sociedade mineira ao abandonar o noivo no dia do casamento e buscar refúgio na zona boêmia de Belo Horizonte, entre prostitutas, cafetões e travestis. No vídeo abaixo, a autora da minissérie fala sobre seu trabalho de adaptação.



Além de Arósio, a minissérie também mostrou o talento de mais dois atores que até então tinham pouco espaço para se destacar na TV: Matheus Natchergaele e Rodrigo Santoro. O primeiro brilhou como o travesti Cintura Fina e Santoro teve a grande oportunidade para mostrar que sabia fazer papéis mais complexos que o garoto de rostinho bonito. Seu personagem, Frei Malthus, era talvez o mais difícil de ser trabalhado. Ele tinha uma ingenuidade quase infantil, misturada a forte moralismo cristão, traços que não o impediram de ser seduzido pelos encantos de Hilda. O mérito de Santoro foi não se deixar levar pela fácil solução de interpretar apenas mais um padre que se deixar corromper pelas tentações da carne, preferindo dar a ele um ar às vezes até malicioso.

Na época, houve grande rebuliço sobre a existência de uma verdadeira Hilda, que seria uma amiga da juventude de Roberto. A atriz Rogéria chegou a afirmar que era amiga da Hilda de verdade, que moraria em Belo Horizonte e estaria muito satisfeita com o resultado da minissérie. Verdade ou não, o fato é que Hilda emprestou seu sucesso no meretrício para a carreira da Arósio. Na TV, é claro.

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