Trecho da Entrevista da 2ª, na Folha de S. Paulo, com o consultor americano James L. McGregor, que vive há 22 anos na China, me fez pensar sobre a cobertura que a nossa mídia está fazendo da crise:
"O governo quer manter a sociedade feliz e confiante. Eles controlam a mídia, que vive repetindo "as coisas vão bem, estamos melhor que no resto do mundo". Como resultado, os chineses não estão deprimidos como os ocidentais.
Enquanto isso, nos EUA a mídia mata o espírito, o ânimo. O discurso é apocalíptico."
Li isso e fiquei, meio de brincadeira, meio sério, pensando no que é melhor. É claro que é sempre preferível viver a realidade do que a anestesia, mas, às vezes, deve ser gostoso ficar suspenso num mundo cor de rosa... Achar que tudo é uma maravilha, que se vive num país perfeito. Só uma mídia controlada faria isso. Mas, é sempre bom frisar, uma mídia sem controle não é sinônimo de isenta.
No Brasil, além do inerente (e real) noticiário negativo, há o interesse político em aproveitar a situação para minar a popularidade de Lula. Desde o início de 2006, quando os efeitos do mensalão pararam de agir sobre as pesquisas, tenta-se, sem sucesso, baixar os índices de aprovação dele. A crise econômica é a grande chance. James Carville, marqueteiro da campanha de 1992 de Bill Clinton, cunhou a já vulgarizada frase "É a economia, estúpido!" e, não sem razão, apontou que é nos bolsos dos cidadãos que os governos são realmente avaliados. As manchetes vêm se apegando a isso e sempre acham alguma forma de ligar o governo às causas dos problemas que surgem.
Mas, cá entre nós, é preciso? Se o governo não conseguir diminuir os efeitos negativos, é claro que os índices de aprovação vão baixar. Ao criticar por criticar, a mídia esvazia o discurso e perde credibilidade. Entre o mundo de Poliana chinês e o apocalipse da cobertura brasileira, o melhor, para a mídia, para os leitores, para o país, seria a isenção.
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