Como o cinema e a TV americana prepararam o imaginário coletivo para a eleição de um presidente negro
Agora que o governo de Obama completa 100 dias, lembrei que, já faz um bom tempo, li um excelente artigo no New York Times (infelizmente sem tradução), falando sobre como o cinema e a televisão americana prepararam o imaginário coletivo daquele país para a eleição de um presidente negro. Citando diversos atores que representaram presidentes negros (Morgan Freeman em Impacto profundo, Chris Rock em Um pobretão na Casa Branca, Dennis Haysbert em 24 horas), o artigo resgata com os negros vêm sendo representados e alerta contra o risco de se achar que Hollywood ainda não estereotipa negros.
Nessa trajetória, lembra o texto, é importante a gente observar como heróis negros contribuíram para mudar essa concepção. Will Smith em Independence Day é um bom exemplo. Mas, bem antes desses heróis negros, uma longa jornada foi travada por pessoas como Sidney Poitier, o primeiro ator negro a ganhar o Oscar e durante anos um emblema na luta pela integração racial. Em filmes como Adivinha quem vem para jantar(Sidney Poitier na cena do filme, com Katharine Houghton e Spencer Tracy) e O Sol tornará a brilhar, o cinema conheceu o que era o negro americano comum, exatamente igual ao branco, é claro.
Uma segunda fase foi iniciada, segundo o artigo, com Sweet Sweetback’s Baadasssss Song (sweetback é uma gíria dos guetos americanos para homens bem-dotados), de Melvin Van Peeble's (foto), que hipersexualizou o homem negro no cinema. Daí para o maniqueísmo em que negro só podia ser policial ou bandido, santo ou sóciopata, foi um pulo. O negro fora da lei virou uma nova mania e o auge pode ter sido Armação perigosa, que projetou o sensacional Morgan Freeman. Até hoje muitos personagens vão nesse tom. O segundo americano negro a ganhar o Oscar (por Dia de Treinamento, em 2001), Denzel Washington, é exemplo.
Outro tipo criado no cinema americano e que ainda persiste é o negro provocador, engraçado, capaz de, olha que feito, fazer uma plateia branca superar o preconceito e gargalhar. E foi aí que vieram Chris Rock e Eddie Murphy, que também passou a encarnar, com o tempo, outro estereótipo - o do pai negro. O artigo lembra de Dr. Dolittle, uma referência óbvia desse tipo de representação.
A última seara reservada aos negros seria a do negro messiânico. Will Smith e seus À procura da felicidade, Eu sou a lenda e Hancock estão aí para provar.
30.4.09
Obama é coisa de cinema
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
No fim do artigo a sensação que fico é a de que qualquer personagem negro em Hollywood, qualquer mesmo, será um tipo criado para esteriotipar os negros...
Abraço!
Postar um comentário