Coloquei abaixo algumas observações sobre o caso Cacciola, muitas delas já feitas pelos jornais. Mas nunca é tarde, mesmo que sejam lidas apenas pelos meus 2½ leitores (além da minha mãe e da minha irmã, o desespero é tanto que agora obrigo minha cachorra a ler o blog):
- Será uma ótima oportunidade para o Judiciário brasileiro mostrar seu vigor e, acima de tudo, sua natureza apartidária. Ou não. Pode ser também o aprofundamento da dúvida de que trata-se, na verdade, de uma esfera cooptada por determinadas forças políticas de bico longo e bela plumagem. Vale lembrar aos menos ligados que, entre os condenados, está o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, que comandou o banco em 1999 e foi Diretor de Política Econômica e Monetária durante três anos (1995-1998). Em função do Plano Real, o cargo foi/era estratégico para o sucesso/fracasso do governo tucano. Francisco Lopes recorreu da sentença, assim como todos os outros condenados (Demosthenes Madureira de Pinho Neto, ex-diretor da área intenacional do BC; Tereza Grossi, ex-chefe e ex-diretora de Fiscalização do BC; Claudio Mauch, ex-diretor de Fiscalização do BC; Luiz Augusto Bragança, amigo de infância e ex-sócio de Francisco Lopes na consultoria Macrométrica; Luiz Antônio Gonçalves, ex-presidente do Banco FonteCindam e Roberto Steinfield, ex-controlador do FonteCidam). O TRF da 2ª Região (RJ e SP) julgará a sentença ainda este ano. É só esperar para vermos no que vai dar. Será que o Judiciário mostrará a mesma intolerância com a corrupção que demonstrou com os mensaleiros?
- interessa a Mônaco mudar a reputação do país perante a opinião pública internacional de que o principado seria condescendente com o crime. As aspas da procuradora-geral Annie Brunet-Fuster no Globo de hoje mostram isso. A decisão final caberá, segundo ela, ao príncipe.
- ao governo interessa ter esta carta na manga para sangrar um pouco a oposição. Relembrar um dos vários casos de corrupção do governo FHC pode ser lucrativo para o governo e, ao mesmo tempo, perigoso, já que depende da boa vontade da oposição para aprovar matérias importantes como a CPMF, que deverá ser votada hoje.
- Vale lembrar que, na época, o será-que-ainda-admirável senador Aloízio Mercadante foi um dos principais denunciadores do escândalo Marka-FonteCidam. Merval Pereira, no Globo de ontem, cita o escritor Gilberto de Mello Gujawski que, por sua vez, ao comentar tese do sociólogo Chico Oliveira, disse que "o maior mal que o governo Lula está provocando no país é a esterilização política pelo 'seqüestro' dos principais agentes mobilizadores (...) que foram vencidos pelo corporativismo e pelo particularismo." Como diria o Ancelmo Góis, é, pode ser.
Bom, isso é tudo, pessoal.
19.9.07
Cacciola: algumas linhas
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário