14.9.10

Um pouco da minha vida, a música de Gonzaguinha e o fim do Textos etc

Uma vez, um amigo me disse e eu não acreditei. "Comece a escrever diariamente em jornal e dificilmente vai conseguir manter um blog pessoal". Essa era a frase. Pura verdade, o tempo mostrou. A vida de jornal, principalmente nessa fase de início de carreira em que estou, consome o sujeito de tal maneira que blog pessoal com qualidade e constância é sonho.

E não quero tornar o Textos etc um blog-fantasma, em que o último post data de três meses. Não poderia fazer isso com ele. Esse blog aqui nasceu de verdade - o histórico de posts prova isso - quando eu nasci para o jornalismo, essa grande paixão da minha vida profissional, descoberta incessante sobre o que é o ser humano e seus feitos mundo afora.

Foi em 2007, mais precisamente em junho. Tive uma doença que me fez ficar 40 dias de bunda pro ar, dentro de casa. Estava infeliz na Script, agência de publicidade carioca que trabalhava à época, como redator publicitário. Triste mesmo. A quarentena serviu de terapia. Pensei, pensei, pensei. Conversei com os amigos - a quem mais recorrer, quando se tem 21 anos, está prestes a se formar numa profissão que odeia e constata que estava no rumo errado? Como eles me ajudaram! Mais que minha mãe e minha irmã, cujas ajudas, por mais amorosas que tenham sido, sempre eram inúteis. Quem me salvou foram meus quilos de amigos e professores da PUC.

Enfim, tomei a decisão acertada, não sei se por coragem própria ou luz divina. Decidi que seria jornalista. Ato contínuo, ainda aluno de Publicidade, puxei cadeiras de Jornalismo e toquei o barco para concluir o primeiro curso. Em 2008, reingressei na universidade novamente, para concluir a segunda habilitação, na carreira que eu arriscava ser a minha. Uma das primeiras aulas que fiz foi Técnicas de Reportagem, com a jornalista e professora Carla Rodrigues.

Carla pedia algo simples. Cada dupla de alunos escolhia um bairro do Rio e trazia por semana uma sugestão de pauta para executar na semana seguinte, individualmente, com um tema relativo à área escolhida. Bingo. Foi ali que nasci para a coisa. Foi mais especificamente, eu acho, nessa reportagem aqui ó - "O bigode e as escrituras".

E esse blog cumpriu, ainda que sempre meio mambembe, a função de servir de veículo para meus textos, pitacos, dicas culturais e outras coisas mais. Dei muito mais opinião aqui do que informei. Desculpe, leitor que perdeu seu tempo lendo os textos de um moleque recém saído das fraldas. Só o tempo me mostrou como ainda é prematuro eu expô-las. Ainda tenho tanto a aprender. Sempre terei.

Termino hoje o Textos etc, um espaço em que eu fui tão generoso comigo mesmo. Aqui, eu me permiti ser feliz profissionalmente. Foram 241 posts, falando de dezenas de temas, todos acessíveis aí do lado, no menu separado por assunto. Mas em cada um deles, vejo uma semelhança: eu estou ali. Estou em tudo que escrevo, por mais impessoal que seja o texto. Procuro diariamente exercer minha profissão tal qual procuro exercer minha vida. E ela, tenho certeza, vai ser como na música do Gonzaguinha.

Obrigado, leitores. Obrigado, Textos etc.

Quem quiser continuar me lendo, compre o Jornal Extra, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, acesse extra.globo.com ou siga @guilherme_amado no Twitter.

17.8.10

As vírgulas de Eliane Brum e Alison Entrekim

Porque o ponto final, para nós de língua inglesa, é invisível. Quando autores de língua inglesa brincam com a pontuação, brincam mais com o ponto final, com frases curtas. Visualmente, se você tem uma página que é uma única frase cheia de vírgulas numa língua e, na outra, são 20 frases curtas, com um monte de pontos finais, a coisa fica muito diferente. Não é pra tanto. É preciso encontrar uma maneira de andar sobre esta corda bamba.

Esse é só um trecho da entrevista deliciosa que Eliane Brum fez com a tradutora Alison Entrekin, publicada no site de Época. Leia com calma, como sugere Eliane.

5.3.10

A imprensa e as UPPs

Não sei se já disse aqui, mas, lá no Extra, jornal em que trabalho e onde escrevo sobre segurança pública, faço a cobertura das comunidades que têm Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), no Rio de Janeiro. No início do ano, até escrevi aqui no blog um post sobre o projeto das UPPs.

Por isso, hoje fui o repórter escalado para acompanhar o início da venda do Globo, do Extra e do Expresso (jornal com perfil ultrapopular, voltado para as classes D e E) no Santa Marta. A venda foi bem dentro do morro, uma novidade, já que a banca de jornal mais próxima fica na Rua São Clemente, em Botafogo e, portanto, fora da favela.

Desde que assumi essa área da cobertura de segurança pública, pensava nisso. Não bastava irmos para a favela e contar histórias sobre eles, sem que elas fossem lidas por eles mesmos. A presença da imprensa dentro da comunidade tem que ser de duas formas, tanto por meio do jornalista, quanto por meio do jornal/site/TV/rádio ou seja lá o que for. É fundamental que os moradores das favelas passem a ler/assistir/ouvir/acessar os veículos e neles possam encontrar conteúdo sobre o local onde eles moram. A cidadania que aos poucos é reconstruída com a segurança estabelecida pela UPP só será completa se o cidadão tiver na imprensa um aliado pela briga de seus direitos.

O Extra, por exemplo, que é um jornal bastante próximo do leitor, é enxergado pelo resto da cidade como uma entidade que briga por seus direitos. Por que não pode ser visto dessa forma pelo morador de favela? Por que o contato com a favela sempre tem que ser para falar de violência? E a falta d'água? E a falta de luz? De oportunidades? De educação? Tudo isso é pauta para o jornalismo.

Com o jornal nas mãos e o repórter nas vielas, acredito que começa um ciclo positivo, retroalimentado por cidadania e informação. Tomara que isso seja possível em outras favelas pacificadas.

22.2.10

Lost elevado à enésima potência

O seriado Lost, agora na sexta e última temporada, é um delicioso exercício de roteiro, de fazer frente ao efeito do mais poderoso LSD que possa existir. Ok, isso você já sabe. O que talvez ainda não conheça, o que é uma pena se já assistiu às cinco temporadas anteriores, é o blog Lost in Lost, na Globo.com. Ele eleva o entretenimento à enésima potência.

O autor, Carlos Alexandre Monteiro, é aficcionado no seriado. Trabalhei com ele na Globo.com e via como o cara entende. Até a congressos no exterior para discutir Lost ele já foi. Com isso, tem autoridade para discorrer sobre os detalhes mais bobos até a solução do grande mistério que explicaria por que Jack, Kate, Sawyer e cia. foram parar naquela ilha doida.

Ao perceber coisas que ninguém vê, o Lost in Lost amplia o prazer de assistir Lost. É mais ou menos parecido com a crítica artística, que pode aprofundar o prazer estético em relação a uma obra.

Se você não viu Lost até hoje, alugue as temporadas na locadora para ontem. É ótimo. Pode até ler os posts antigos do Lost in lost para se divertir em dobro.

28.1.10

Por um jornalismo on-line sem tempo real*

Embora tenha sido uma das primeiras jornalistas brasileiras a trabalhar a sério com jornalismo on-line, no antigo site Notícia e Opinião (NO.), Carla Rodrigues torce o nariz para a expressão “tempo real”. Além de ser fisicamente impossível, uma transmissão obcecada com a ideia do tempo real pode ser, para ela, sinônimo de queda na qualidade do jornalismo. Essa relação entre técnica e conteúdo é um dos assuntos do livro “Jornalismo on-line: modo de fazer” (Editora Sulina/PUC-Rio), organizado por ela. Hoje professora de Comunicação Social da PUC-Rio, Carla convidou jornalistas e pesquisadores como Suzana Barbosa (UFF), Marcelo Kischinhevsky (UERJ/PUC-Rio), António Fidalgo e João Canavilhas (Universidade da Beira do Interior, Portugal) e Pedro Doria (Stanford/Estadão), entre outros, para discutir o assunto, ainda carente de reflexão e estudos, principalmente no nível superior.

A implicância com o tempo real resume a visão de Carla sobre os efeitos que o jornalismo on-line pode ter sobre a atividade como um todo. Para ela, que também assina um artigo da coletânea, esse é um jargão de informática que dá tom sensacionalista à internet como um todo.

— Muitas coisas na internet recebem a marca do tempo real para que passe a ideia de velocidade na transmissão. Mas velocidade não é qualidade. O que defendo é fazer velocidade com qualidade. Tem que se ter critério — recomenda.

Dividida em três partes, a obra aborda primeiro, a partir de quatro abordagens, a relação entre a formação do novo perfil de profissional que trabalhará on-line e as transformações do mercado de trabalho. É nessa parte que Suzana Barbosa comenta a convergência de duas redações brasileiras - uma delas, a do Globo. Marcelo Kischinhevsky discute como as integrações afetam a quantidade e a qualidade dos empregos para jornalistas.

O segundo pedaço de “Jornalismo on-line” avança sobre os desdobramentos temáticos que essas mudanças trazem. O impacto dos celulares na prática jornalística, o complicado processo de legitimação dos blogs, o jornalismo colaborativo e a possível interferência que as novas tecnologias têm sobre a construção da notícia.

O jornalista Pedro Doria, antigo parceiro de Carla no extinto NO., é quem encerra o livro, com um texto fruto de um ano de estudo sobre o assunto na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, quando debruçou sobre as perspectivas de sobrevivência do jornal em papel.

Subjacente à discussão que permeia o livro, o fim da exigência do diploma de jornalismo para exercer a profissão não é um tabu para Carla. Defensora da inexigibilidade, ela acha que algum tipo de formação superior é importante. E não é o conhecimento das técnicas do jornalismo on-line — e tampouco do televisivo, de rádio ou de impresso — que vão determinar a escolha desse curso e não, por exemplo, de um curso de História ou de Ciências Sociais:

— O curso de jornalismo dá uma formação ampla que permite a alguém ter uma base para se preparar e entrevistar qualquer pessoa. O diferencial está na aliança do ensino de várias teorias com o saber técnico. Não adianta dominar apenas a técnica e tentar entrevistar, por exemplo, o historiador José Murilo de Carvalho ou o Henrique Meirelles.

A razão por que acredita ser um erro pautar o curso de jornalismo no aprendizado das ferramentas tecnológicas de comunicação está ligada à “velocidade estonteante” com que a técnica fica obsoleta. O livro, ela explica, preocupa-se não em refletir sobre essas técnicas em si, mas sim em como elas interferem na atividade.

Texto, áudio, foto, vídeo, Twitter: diversas atividades ocupando o tempo em que antes reinavam soberanas a boa entrevista, a apuração, a redação e a checagem. A dinâmica de quem trabalha em empresas de comunicação tradicionais impõe um desafio para a academia e para o próprio mercado. Como formar esse novo jornalista? Carla explica que é cada vez mais complicada a equação de equilíbrio entre técnica e qualidade do conteúdo. E é nela que, para ela, reside o principal patrimônio da imprensa:

— Prejudicar a qualidade do conteúdo em nome da técnica esvazia o papel da imprensa. Se deixarmos todas essas atividades atingirem a qualidade da entrevista e a pergunta do repórter ficar pior, ele se tornará dispensável.

* Matéria publicada originalmente no jornal O Globo.

1.1.10

O título de maior biblioteca das Américas já foi nosso

Como bem lembrou uma excelente reportagem do repórter Eduardo Fradkin hoje, no Globo impresso, a Biblioteca Nacional completa 200 anos em 2010. Por causa disso e para cumprir a promessa feita dias atrás aqui no blog, de que no novo ano voltaria a dar as caras, decidi republicar nesta sexta um capítulo que ficou de fora do meu livro, o "Ponha-se na rua: fatos e curiosidades do Rio de Janeiro de D. João VI".

Escrito a quatro mãos, com o jornalista Adriano Belisário, o livro conta histórias dos 13 anos em que a família real portuguesa viveu no Rio. Além de ter sido um dos mais prazerosos trabalhos que já fiz, aquela experiência me mostrou como aqueles anos foram fundamentais para a consolidação do Brasil como nação.

Recebemos naquele período uma herança cultural valiosíssima. Do dia para a noite, o Brasil passou a ser dono da maior biblioteca nacional das Américas. Hoje, a Biblioteca Nacional é a oitava do mundo, segundo a Unesco. Mas nem só de quantidade se fez a merecida fama da BN.

Para se ter ideia: lá, existem documentos do século XI, como quatro Evangelhos manuscritos em grego daquela época. Há ainda uma bíblia impressa por ex-sócios de Gutemberg, o inventor da imprensa, no mesmo período em que a primeira foi feita (1455).

Documentos brasileiros também foram salvos pela BN. Afinal, uma lei de 1907 obriga todo livro, revista ou jornal publicado no Brasil a ter um exemplar enviado para a Biblioteca Nacional. Entre outros benefícios, essa prática foi fundamental para a preservação de nossa literatura. Livros de Jorge Amado, por exemplo, foram salvos da fúria da censura graças a essa lei.

Bom, segue abaixo o capítulo, que conta com mais detalhes a história daquelas estantes. O livro ainda não esgotou, apesar de ter tido uma tiragem pequena (3 mil exemplares). Quem quiser, consegue achá-lo, por exemplo, na Saraiva ou nas lojas da Livraria da Travessa.

A tempo: feliz ano novo para todos! Que em 2010 a gente consiga repetir o ano espetacular que o Rio e o Brasil tiveram em 2009.


A maior biblioteca das Américas

A vida cultural encontrada pela monarquia e pela nobreza de Portugal quando chegaram ao Brasil era muito diferente da que estavam acostumados. O acesso a livros era mínimo, dificultado ao máximo pela Coroa portuguesa, a quem não interessava que novas idéias chegassem ao país e ameaçassem o regime colonial. Esse quadro mudou com a chegada da biblioteca da família real, dois anos depois que D. João e companhia desembarcaram no Brasil. Seu acervo, um dos maiores do mundo, colocava o Rio de Janeiro como sede de uma biblioteca com mais de quinhentos anos de história.

Desde o século XIV, existem registros de que os reis portugueses tinham boas bibliotecas. A tradição foi seguida por sucessivas gerações, ao ponto de, na Era dos Descobrimentos, a fama da Real Biblioteca já ter se espalhado por todo o continente europeu. À medida que era ampliada, a coleção se tornava tão importante quanto o ouro recebido do Brasil. Seu acervo continha coleções de manuscritos históricos, materiais editados nos primórdios da imprensa, obras de arte e mapas. Ter documentos daquela importância simbolizava prestígio e erudição para o Estado português.

Quando o terremoto que arruinou a capital portuguesa em 1755 matou 30 mil pessoas e destruiu quase todos seus prédios, o Palácio da Ribeira, que abrigava a biblioteca, ficou em ruínas e quase toda a Livraria de El Rey, como era conhecida no reino, sofreu um incêndio e foi reduzida a cinzas. Organizá-la novamente foi uma das metas políticas do marquês de Pombal, poderoso ministro de D. José I, rei que governou Portugal até 1777. Pombal investiu e trabalhou para fazer daquela nova biblioteca um símbolo de idéias, projetos e representações do universo de uma elite intelectual e de uma monarquia culta e esclarecida. Mas as mudanças na política nacional foram mais rápidas que os planos do ministro. Após a morte do rei, Pombal foi afastado do poder pela sucessora da dinastia dos Bragança, D. Maria I. A nova rainha trouxe a religião novamente para o centro dos assuntos nacionais e tudo que lembrasse Pombal e suas idéias iluministas, de uma Igreja submissa ao Estado, ficaria em segundo plano.

Em 1807, com a correria da fuga para o Brasil, os 317 caixotes com todo o conteúdo da Real Biblioteca e vários documentos lusitanos, que tinham sido embalados às pressas, ficaram esquecidos no cais de Belém. No Rio de Janeiro, foi o próprio príncipe regente que deu falta do acervo e ordenou a vinda de seus livros e documentos. No acervo existiam livros como Príncipe Perfeito, que reunia emblemas e sonetos com recomendações para os monarcas portugueses de como governar.

Se em 1808 a viagem da família real já foi um acontecimento inusitado, o transporte de uma das maiores bibliotecas do mundo, dois anos depois, não seria diferente. Portugal ainda estava em guerra com a França e o embarque das obras teve que ser discreto e feito em três remessas. A primeira leva foi enviada em 1810, com o acervo do Infantado, que reunia livros e documentos exclusivos para príncipes, e a coleção de manuscritos da Coroa. Parte do que ficou em Portugal, provavelmente muito bem escondido para resistir aos saques ocorridos durante a guerra, só chegaria ao Brasil em 1811 trazido pelo arquivista real Luís Joaquim dos Santos Marrocos. A terceira e última parte da Real Biblioteca demoraria mais alguns meses até ser enviado, no final do mesmo ano.

Trazer para o Brasil a biblioteca significava trazer também uma verdadeira política de Estado baseada na idéia de que, naquelas obras, estavam depositados conhecimentos universais. Aos poucos, o Estado português era transferido para o Brasil. Instalada no andar superior do Hospital da Ordem do Carmo, nos arredores do Paço, a biblioteca inicialmente ficou restrita a estudiosos autorizados por D. João, que mandou construir um passadiço entre a Capela Real e o prédio do hospital para facilitar o acesso da família. Quando foi aberta e colocada à disposição do público que se associasse, o Rio de Janeiro se tornou a sede da maior biblioteca de todas as Américas, que reunia na época mais de 60 mil livros.

Com a independência brasileira e o retorno da família para Portugal, começava uma grande discussão para decidir que cidade ficaria com a biblioteca. Lisboa, a capital original em que a Real Biblioteca foi criada ou o Rio de Janeiro, onde fazia parte de uma estratégia de fortalecimento científico e cultural de uma nova nação? A batalha foi vencida pelo Rio, mas com um alto custo. Com a decisão dos dois lados de que Portugal deveria ser ressarcido pela independência brasileira, os cofres brasileiros deveriam pagar para ter o direito de ficar com a biblioteca. O valor atribuído foi tão alto que só a biblioteca representava 12,5% do total da conta apresentada pelos portugueses. Assim, ao pagar por sua independência, o Rio de Janeiro continuava a sediar uma das maiores coleções de livros do mundo e consolidava sua posição de capital cultural brasileira. A Real Biblioteca ainda formaria muitas gerações de governantes e intelectuais. A diferença é que, agora, eles seriam brasileiros.