2.10.09

Artes plásticas ganham a tela do Festival

Da arquitetura moderna à arte contemporânea, passando pelo Naif: diferentes mostras do Festival do Rio oferecem um variado cardápio de filmes com temática ligada às artes plásticas. "Reidy: a construção da utopia" e "Cildo", ambos documentários brasileiros, e o longa de ficção "Seraphine", parceria entre França e Bélgica, são as três obras responsáveis por, a reboque dos tradicionais filmes sobre música sempre presentes no evento, ampliar o leque metalinguístico da programação.

O primeiro a estrear foi "Cildo" (ao lado, cena de divulgação), documentário dirigido por Gustavo Rosa de Moura que faz um mergulho sensorial na obra de Cildo Meireles, um dos artistas brasileiros com maior prestígio no exterior. Fundamental para a cena artística contemporânea do país desde os anos 70, Meireles já foi exposto na Tate Modern e sempre é lembrado como dono de um universo criativo que consegue unir política e discussão estética com grande habilidade. O filme é conduzido por entrevistas do próprio artista, que fala e reflete sobre suas obras e ideias.

Nesta quinta-feira, o segundo da lista chegou às telas do Festival: "Reidy - A construção da Utopia" (ao lado, em cena de divulgação), sobre o arquiteto Afonso Reidy. Pioneiro da introdução da arquitetura moderna no Brasil, Reidy teve sua vida a obra transformada em documentário pelas mãos de Ana Maria Magalhães, sobrinha de sua mulher, a intelectual Carmem Pontinho. Defensor de uma arquitetura de traços simples e puros, evidenciados hoje no Aterro do Flamengo, projeto em que teve participação, e no Museu de Arte Moderna, que desenhou em 1954, Reidy tem uma concepção humanista sobre sua arte, perspectiva que a diretora procurou retratar no longa:

"Poucas profissões exercem igual fascínio. Reúnem em si duas atividades aparentemente antagônicas, mas que se completam: a poesia e a construção", diz o narrador do vídeo promocional do documentário.

A mistura de depoimentos do urbanista Lúcio Costa e de diversos outros grandes nomes da arquitetura brasileira, como Paulo Mendes da Rocha, com imagens das criações de Reidy foram os pontos altos da primeira exibição do documentário, nesta quinta-feira, na Première Brasil Retratos, no Cine Odeon.


Já o drama franco-belga "Séraphine" (acima, em cena de divulgação), de Martin Provost, chega com a pompa de ter faturado este ano sete César (o Oscar francês), incluindo o de Melhor Filme. O longa narra a extraordinária vida da francesa Seraphine de Senlis, mulher nascida em 1864 que foi pastora e dona de casa antes de se transformar em pintora e submergir-se na loucura. A produção, parte da mostra Expectativa, tem sua primeira sessão marcada para segunda-feira (05/10), no Estação Vivo Gávea.

* Publicado originalmente no site do Globo.

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