13.12.06

Vou fingir que não ouvi

Espero que as palavras do Lula ao receber o prêmio de brasileiro do ano pela Istoé não reflitam o que o presidente realmente pensa. Seria decepcionante constatar que uma das pessoas que mais admiro pensa dessa forma. Dizer que ser de esquerda é ter problemas é o mesmo discurso usado contra toda a esquerda ao longo do século XX. Basta lembrarmos do discurso anti-comunista de que "a esquerda era doente mental".

Fiquei triste, realmente triste com essas palavras do Lula. Espero que seu segundo governo, pelo qual me empenhei - e muito - para que acontecesse, não traduza o que ele disse na última segunda. Bom, se lembrarmos de muita coisa que ele disse antes da eleição de 2002 e que não pôs em prática no atual mandato, veremos que isso não tem muita chance de acontecer.

De qualquer forma, agora, mais do que nunca, mais do que quando os escândalos de corrupção explodiram, mais do que se descobrissem dinheiro dentro da calcinha da Dona marisa, estou com um pé atrás com o Lula. E repito: triste, muito triste. Deus queira que esse tenha sido mais um discurso de platéia, ou seja, feito apenas para agradar a platéia de Antônios Ermírios e Gerdaus que compunham o auditório da Istoé. Que o verdadeiro Lula, o Lula em sua essência, seja o que discursa em palanque, o que fala coisas às vezes com um quê de exagero, mas coerentes com a sua biografia e consoante com os anseios do povo que o reelegeu.

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