29.3.09

Nem mocinhos nem vilões

Passadas quatro décadas e meia do Golpe Militar de 1964, ainda há material histórico a ser descoberto, situações a ser esclarecidas e muitas experiências esmiuçadas em relação aos 21 anos do período militar. Isso ficou provado nos últimos dias com a série de revelações feitas pelos repórteres Bernardo Mello Franco e Evandro Éboli, da sucursal do jornal O Globo em Brasília. A dupla se debruçou sobre as atas das reuniões do Conselho de Segurança Nacional, liberadas quase na íntegra pelo governo, e, entre outras coisas, descobriram como o ditador Costa e Silva se opôs momentaneamente ao endurecimento do regime, pleiteado pelos oficiais da chamada linha dura.

Hoje, Bernardo Mello Franco faz, na matéria de capa do jornal, outra revelação que, se confirmada, pode manchar a biografia de um dos mais importantes homens públicos que o Brasil teve na segunda metade do século passado. Leonel Brizola, segundo arquivos secretos do extinto Serviço Nacional de Informação (SNI), teria recebido propina de empresas de ônibus e bicheiros.

Há que se usar o bom senso na análise dessas novidades históricas e evitar a compreensiva e maniqueísta tendência que todos nós temos de julgar como mocinhos ou vilões personagens históricos. Nem Brizola nem Costa e Silva têm biografias que possam vestir essa carapuça.

2 comentários:

Bela disse...

Temos tendência a rotular as pessoas em 'boas' ou 'más'. Todos nós podemos ser mocinhos ou vilões. Depende de quem nos olha e do modo como nos olham. Depende da situação...das oportunidades.

Seu blog é muito bom! Vou voltar mais vezes.

Guilherme Amado disse...

Obrigado pelo elogio, Bella. Pena estar tão sem tempo para me dedicar mais a ele. Beijos