5.6.09

O Rio natural de Pierre Verger*

Como se estivesse posando para a foto, uma mulher negra, de seus trinta anos, altiva e simples, segura uma folha de espada-de-são-jorge em meio aos festejos de 23 de abril. Típica do estilo do fotógrafo francês Pierre Verger, a imagem ao lado é uma das 50 que compõem a exposição inaugurada nesta sexta-feira no Fashion Rio, formada apenas por imagens de passagens do fotógrafo pelo Rio em 1941, 1946 e ao longo da década de 50.

"O maior mérito do Verger era deixar o fotografado à vontade, como se não estivesse em frente a uma câmera", diz Alex Baradel, responsável pelo acervo fotográfico da Fundação Pierre Verger, em Salvador.

Outras imagens escolhidas para a exposição confirmam a opinião de Baradel, ao mostrarem de forma natural personagens típicos do Rio, como o homem travestido de mulher no carnaval. A explicação que melhor resume esse estilo do francês é de Jean-Lou Pivin, diretor da bienal francesa de fotos, a Photoquai. Segundo ele, Verger usava a fotografia como um meio para conhecer o outro, e não como um fim em si.

"Aqui na exposição, isso fica claro com as imagens feitas no carnaval, em que ele vem para uma festa grande, mas procura fotografar as pessoas e não a festa e seus adornos" explica Baradel.

Outras fotos que merecem ser vistas com atenção, segundo ele, é a de um bonde cheio de foliões a caminho do carnaval de rua e a do Cristo Redentor de costas, com a cabeça cortada. Todas as 50 imagens da mostra estão à venda, com preços que giram em torno de R$ 3 mil. O dinheiro arrecadado será revertido para a Fundação Pierre Verger, além de ser usado para pagar os custos de produção da exposição.



*Publicado originalmente em www.oglobo.com.br

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