2.7.09

Como ser verossímil, empático e emocionante

Ainda na mesa sobre as verdades inventadas, Beatriz Resende destacou também a coragem de Arnaldo e de Tatiana em expor as histórias de suas famílias. Arnaldo, por exemplo, mostra um lado negro de seu tio Adolpho Bloch. Mas a tarefa de Sérgio não foi menos extenuante, para ela, ao ter que mostrar uma face negra dos dirigentes comunistas Luiz Carlos Prestes e Antonio Maciel Bonfim, o “Miranda”, que lavaram as mãos em relação ao assassinato de Elza.

"Foi uma história que a esquerda não quis contar por motivos óbvios e a direita não conseguiu contar por incompetência. Sabia que o livro poderia incomodar muita gente, mas tive que ser desabusado em relação à divisão entre direita e esquerda", diz, lembrando que tentou fugir do reducionismo ideológico e quis contar a verdade da foram mais humana que fosse possível.

Arnaldo lembrou que a biografia definitiva é uma falácia. Mais um selo de venda do que algo factível, a ideia de que um livro pode reunir a totalidade da vida de uma pessoa é de uma pretensão sem fim.

"Isso é não reconhecer as subjetividades, não reconhecer as diferentes maneiras de ver uma cena. O livro que escolhi fazer foi bem diferente disso. Quis dar voz às subjetividades, deixando a pesquisa envolver todo esse universo de valores, sentimentos, sofrimentos. Não quis fazer uma redução purista sobre o tema", explica

Em resposta à pergunta da plateia sobre como tornar uma verdade inventada verossímil, empático e emocionante, Arnaldo apontou um único caminho: trabalhar o texto exaustivamente, escrevendo e reescrevendo. Ele, por exemplo, reescreveu seis vezes Os Irmãos Karamabloch. Completando, Sérgio lembrou frase do escritor norte-americano Don Delillo, “Literatura é uma palavra atrás da outra”, para explicar como ele consegue chegar a verdades inventadas com essas três características.

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