8.1.09

Maysa não é TV

O mais interessante em Maysa, minissérie da Globo no ar desde segunda-feira, não são os diálogos de Manoel Carlos, a produção esmerada, tampouco a trilha sonora baseada nas músicas da cantora, que não chega a ser novidade. O fantástico ali é a fotografia. Engana-se quem pensa que está assistindo TV. Aquilo ali é cinema, e não poderia ser diferente, já que é um diretor de fotografia de cinema que está por trás das duas câmeras digitais modelo Arri-D21 que filmaram toda a trajetória de Maysa, de 1950 até sua morte.

O nome dele é Affonso Beato, um dos melhores profissionais da área no Brasil, fotógrafo de filmes tão diferentes quanto A rainha, de Stephen Fears, Tudo sobre minha mãe, de Almodóvar, e O dragão da maldade contra o santo guerreiro, clássico de Glauber Rocha.

Devoto assumido da película, Beato teve que usar uma tecnologia digital que simula a película para clicar a minissérie, já que os custos de se filmar em película as dezenas de horas de uma produção como essa encareceria demais o projeto. Também é curioso pensar como são diferentes as fotografias de trabalhos como A rainha, Tudo sobre minha mãe e essa minissérie, Maysa. Beato pertence a uma linha de diretores de fotografia que não impõem uma única estética a todos os filme que clicam. Ele entende que cada trabalho é um trabalho e procura servir à história com um determinado tratamento, condizente com o que aquela obra exige.

Basta assistir à minissérie para se perceber que dessa vez a escolha também foi acertada. Coloquei abaixo um trecho do capítulo de ontem, cujo enquadramento inicial é genial, embora não saibamos quem é o dono da ideia, o próprio Beato ou o diretor Jayme Monjardim.

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