12.1.09

Não, não se vá...

São 9:19 da noite e aproveito para escrever no intervalo comercial de A Favorita, novela das oito da Globo que termina essa semana, apesar dos milhares de snifs que eu e tantos outros telespectadores não cansam de enxugar. João Emanuel Carneiro, a primeira novidade em duas décadas entre o primeiro time de novelistas da emissora, merece todo o mérito por esse sucesso. A Favorita, ao contrário de sua antecessora, Duas Caras, não pretendeu romper com nenhum paradigma do folhetim. Pelo contrário. Reafirmou todos eles, capítulo a capítulo, sem vergonha de ser novela. E das boas.

O mistério entre quem era a mocinha e quem era a vilã até deu contornos de transgressão ao folhetim, mas eles restringiram-se ao primeiro terço da novela, como, aliás, sempre foi previsto. Até a maravilhosa revelação da vilania de Flora (a angelical Patrícia Pillar) e da divindade de Donatela (uma Cláudia Raia sempre ameaçadora, com aquelas suas pernas gigantescas e sensualmente perigosas), ficamos num delicioso jogo de quem-matou-Odete-Roitman. Depois de colocados os pingos nos is, o jogo deu lugar a uma gastrite que só piorava a cada gancho (jargão para se referir ao final de uma cena ou capítulo que praticamente obriga o telespectador a estar no dia seguinte em frente à TV) criado por João Emanuel. E, vamos combinar, ele sabe criar gancho como ninguém!

Mas não foi só de bons ganchos que se fez o sucesso da novela que ora termina, para desespero dos suicidas em potencial. O ambiente noir criado pela produção, a trilha incidental meio de máfia italiana, a criativa abertura de cores escuras, uma São Paulo soturna como só ela sabe ser, tudo isso transformou Triunfo na Gotham City do ABC paulista. Até o climão sertanejo foi digerível.

É claro que houve erros. Esquecer que se tem uma Rosi Campos no elenco é imperdoável. Mas tudo bem. As atuações brilhantes, nada menos que brilhantes, de Patrícia Pillar, Ary Fontoura, Milton Gonçalves, Lilia Cabral, Mauro Mendonça e Murilo Benício compensam eventuais desvios. O crescimento de atores como Cláudia Raia, Cauã Raymond e Mariana Ximenes também foi bom de acompanhar. Duro foi aguentar uma ou outra careta de Cauã e todas as de Carmo Dalla Vechia. Seu Zé Bob foi sofrível.

Os favoritos

Nem um pouco doloroso foi assistir desde o dia 2 de junho aos seis capítulos semanais da trama que foi de 37 pontos de audiência no mês de estreia a quase 50 nos capítulos-chave. Graças ao bom Deus o brasileiro, em se tratando de novela e partida de futebol, sabe reconhecer o que é bom.

5 comentários:

Unknown disse...

Muito bom o seu texto.

Unknown disse...

Muito bom o seu texto.

Antonoly Maia disse...

A Patrícia Pillar atuou de forma sensacional, assim como o Jackson Antunes, com o seu ótimo e odiado personagem Leo. O Cauã Raymond continua a mesma M... de ator, o maior canastra da TV atual.

Luis Sapir disse...

Eu não costumo ver novela
mas minha mãe havia me falado tão bem que estou vendo esses último 40 dias.

Realmente, achei o estilo dessa novela bem diferente e confesso que gostei

Tem um suspense muito bem elaborado e os personagens são muito ricos!

Achei diferente dos padrões de novelas.

Carlos Macêdo disse...

tb gostei dessa novela...achei mais dinamica, sei lá...^^
flw!