18.4.08

Festejando a morte do Bruxo

Os antropólogos devem saber explicar a tradição existente no Brasil de se comemorar mais a morte do que o nascimento de grandes personalidades. Eu nunca vou entender, ainda que, na prática, não faça muita diferença. Simbolicamente, faz. Comemorar a morte significa, talvez, comemorar o fim de uma vida grandiosa, cheia de realizações e feitos? Talvez seja mais um sintoma do orgulho brasileiro de ser, ou se passar por vira-lata.

Conjecturas à parte, só nos resta aproveitar as efemérides mórbidas. Em 2008, comemoram-se 100 anos da morte de Machado de Assis, unanimidade das letras brasileiras e, quiçá, mundiais. Saiu no finalzinho do mês passado uma preciosidade para curiosos como eu. É o Almanaque Machado de Assis, com várias informações sobre o autor, para leigos e para catedráticos. Bem interessante. Dizem também que a biografia que Daniel Piza escreveu sobre ele é muito boa, principalmente para iniciantes.

Apropriando-me de uma lista feita em março deste ano pelo site Cronocópios, faço abaixo uma relação das principais festividades promovidas para o Bruxo do Catete no Rio.

Abril
- Em abril e maio, a Academia Brasileira de Letras organiza o ciclo de conferências e seminários "A Literatura de Machado de Assis". No próximo dia 24, o acadêmico Domíncio Proença Filho vai falar sobre o conto machadiano às 17h30, com entrada gratuita. Para os que trabalham ou não estão no Rio de Janeiro, a Internet dá uma ajuda e transmite, ao vivo, a conferência pleo portal da ABL.

- Lançamento oficial do site www.machadodeassis.net, desenvolvido pela Fundação Casa de Rui Barbosa, com biografia, bibliografia e ferramenta de busca de citações de Machado a outras obras.

- Lançamento do livro Recontando Machado, organizado por Luiz Antonio Aguiar, da editora Record, em que 13 autores recriam contos do imortal. A edição colocará lado a lado original e recriação.

- A editora globo vai lançar uma edição de seus três mais importantes romances - Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba em que cada um dos livros ganha anotações de especialistas, além de prefácios de John Gledson (Dom Casmurro), Abel Barros Baptista (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Willi Bolle (Quincas Borba)




Maio
- A editora Record também lançará Vida e Obra de Machado de Assis, de R. Magalhães Jr, uma reedição da biografia em quatro volumes: Aprendizado, Ascensão, Maturidade e Apogeu.



- Exibição, ainda na ABL, de dois curtas e um média metragem: os filmes Missa do Galo e O Rio de Machado de Assis, dirigidos por Nelson Pereira dos Santos, e Um apólogo, dirigido por Humberto Mauro.


Junho
- De junho a dezembro, a ABL realiza, sob o nome "Aspectos da Literatura Machadiana", palestras, concertos e espetáculos teatrais, fazendo ligações entre a literatura e áreas como a música, a medicina e o cinema



- Exibição do filme Capitu, na ABL, dirigido em 1968 por Paulo César Saraceni.


Julho
- A Festa Literária Internacional de Paraty vai homenagear o autor, tema da conferência de abertura e de uma mesa de debates - a programação ainda não está fechada.

- O Instituto Moreira Salles lançará na Flip uma edição dos "Cadernos de Literatura Brasileira" dedicada a Machado, bem como uma iconografia do escritor



- Lançamento de Contos de Machado de Assis, também da editora Record, organizado por João Cezar de Castro Rocha, o primeiro volume de seis de contos do autor, dividos por assunto.


- Dia 2, exibição do filme Brás Cubas, na ABL, dirigido em 1985 por Julio Bressani. No dia 9, é a vez do péssimo Dom, dirigido por Moacyr Góes em 2003. Finalmente, no dia 28, é a vez do filme de Wagner de Assis e Pablo Uranga, A Cartomante.


Agosto
- A Publifolha publica coletânea com dez textos de ficção que recriam livremente obras de Machado - como Dom Casmurro, por Alberto Musse, e Quincas Borba, por Cristóvão Tezza.


Setembro
- No mês do centenário da morte de Machado, a Casa de Rui Barbosa organiza um ciclo de palestras sobre o conto machadiano - todas as segundas-feiras do mês. Participam Hélio Guimarães, Ivo Barbieri, Marta de Senna, Sergio Paulo Rouanet e Silviano Santiago.

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