25.6.08

Obituários de dona Ruth esqueceram do filho fora do casamento de FHC

Fiquei triste com a morte de dona Ruth. Primeira-dama exemplar, engajada, séria, exemplo a ser seguido também pelo nacionalismo, que a fazia até criticar o termo primeira-dama, americanismo que combatia. Correndo por fora, como bem gosto de fazer nesse blog, deixo essa ladainha para os grandes veículos e pergunto: por que os obituários dos jornais de hoje e as matérias de TV esqueceram, como fazem há anos, de mencionar o filho fora do casamento que Fernando Henrique teve com a jornalista da Globo, Mírian Dutra?

Caso abafado durante os dois governos do ex-presidente, o furo foi da revista Caros Amigos, em sua edição 37, de 2000. Aliás, a matéria, como faz questão de lembrar a publicação, não era sobre o filho de FHC, mas sim sobre o fato de nenhum veículo grande falar sobre o assunto. O menino se chama Thomás e foi fruto de um relacionamento de FHC e Míriam quando ela era jornalista da sucursal da Globo em Brasília. Nascida a criança, que ficou sem o registro do pai, ela foi transferida para sucursal de Madri da emissora, onde trabalha até hoje. O garoto tem 17 anos.

Oito anos depois de revelada a notícia, a grande mídia continua ignorando isso. Dona Ruth aceitou a condição de adúltero do marido e permaneceu casada. Aqui no Rio, é sabido no meio jornalístico que o casamento ali era uma grande fachada. Havia, isso sim, uma cumplicidade, no bom sentido.

Cúmplices, no mal sentido, foram os grandes veículos da imprensa, que nunca publicaram uma linha sequer sobre o filho adulterino, alegando que se tratava da vida privada do então presidente. Ora, quando apareceu Lurian, a filha do Lula, na campanha presidencial de 1989, O Globo publicou o editorial O Direito de saber, em que o caso do sapo barbudo era exposto nos mínimos detalhes. Pelé e Paulo Maluf também já tiveram suas vidas expostas em casos de filhos adulterinos, assim como, recentemente, foi feito o caso de Renan Calheiros e a também jornalista Mônica Veloso.

E a princesa Diana? Algum momento a imprensa brasileira deixou de falar sobre seus casos quando ainda era casada com Charles? E Chico Buarque e seu affair com a tal mulher casada, musa da canção Renata Maria, de seu último disco? Foi poupado? Há que se discutir, isso sim, se é certa ou errada a conduta de invadir a vida privada de homens públicos. Mas é fundamental que não haja a política do dois-pesos-duas-medidas, como, mais uma vez, houve no obituário de dona Ruth.

6 comentários:

Anônimo disse...

Primeiramente, que música tranquilizante, adorei ler o texto ouvindo.

Não sabia que o FHC tinha um filho por fora do casamento, creio que na época do acontecimento eu era recém nascido, ou bebê, e através do seu blog estou sabendo. Legal você tá colocando sua opinião sobre esse assunto. Talvez na época, a Globo tinha interesse em abafar o caso, já que envolvia uma de suas jornalistas, como tudo aqui no Brasil o povo esquece, a mídia não fez questão de relembrá-lo, ainda mais se tratando de político, aí é que ninguém vai lembrar mesmo.

Nos visite também.

Bruno Monin > BloGZinho.com

Otávio B. disse...

É, pelo visto não foi só o Renan que andou dando seus pulos pra fora dos limites da cerca heheheeh...

Abraços

http://hangardezenove.blogspot.com/

Anônimo disse...

Só não entendi uma coisa: você esperava que os obituários colocassem algo como: "Morreu D. Ruth Cardoso, antropóloga e primiera dama do Brasil por oito anos... Ah! E mulher que aceitou o filho do marido com outra mulher." Não acho que é o momento de se tocar no assunto realmente. O momento é de relembrar os bons momentos dela realmente e não de algo que diz pouco respeito a ela. Esse assunto é interessante para uma biografia, mas não para um obituário... Abraço!!

Guilherme Amado disse...

Diz pouco respeito a ela? Que isso!? Ela ter aceitado o filho fora do casamento mostra muito do seu temperamento, de como enxergava as coisas, de como abriu mão do casamento (ou perdoou) em nome de um projeto político. Mostra sua resignação e talvez até um certo cinismo.

O obituário da Hillary não vai falar sobre a Monica Lewinsky? Então você acha que, quando o príncipe Charles morrer, não vão falar sobre os casos da Diana? E olha que em nenhum dos dois houve filhos fora do casamento.

Anônimo disse...

Sinceramente, espero que quando todas essas pessoas morrerem jornalistas se concentrem muito mais em contar os seus feitos do que como o marido ou esposa delas os traíram e como elas aceitaram ou não isso. Para mim a relevância desses acontecimentos na vida dessas pessoas devem ser realmente pequenos. Pelo menos é o que eu espero...

Unknown disse...

Vocês dois (Cortes e Amado) estão sempre discordando... Não tomam jeito! Imagina os dois velhinhos... UI! Não quero nem imaginar.