5.5.08

A bíblia do nazismo

Amanhã, o horário nobre do canal de arte francês (sim, existe um canal de arte francês) exibirá um documentário que trata de um assunto tão controverso quanto importante para a Europa e, especialmente, para a vizinha Alemanha. Dirigido por Antoine Vitkine, o filme fala sobre a história e a importância do livro mais adorado e mais odiado na Alemanha em todo o século XX: Mein Kampf (Minha Luta), de Adolf Hitler. Mein Kampf, c’était écrit , como se chama o documentário, chega num momento crucial, em que a Alemanha discute se não é chegada a hora, após décadas de proibição, de se liberar a leitura e difusão do livro que sintetiza todo o projeto de poder nazista e responsável por milhões de mortes durante o Terceiro Reich.

Como diz o título em francês (Mein Kampf, estava escrito), tudo que aconteceria nos anos 1930 e 1940 na Europa estava escrito ali. Seu autor o escreveu aos 35 anos, na prisão de Landsberg, em 1924, quando cumpria pena por uma tentativa de golpe. Seu projeto político é exposto sem meias palavras: um Estado racista e totalitário, baseado em princípios como imperialismo, anti-semitismo, antiparlamentarismo. O nome original que pretendia dar ao livro era Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e cobardice, mas seu editor o convenceu pelo nome Mein Kempf.

No início dos anos 1930, 290 mil exemplares foram vendidos, número que subiria bastante com a chegada de Hitler ao posto de chanceler, em 1933. O livro se tornou então uma espécie de bíblia do Terceiro Reich, sendo distribuído aos noivos que se casavam, aos operários nas fábricas e até em braile para cegos. Quatro milhões de exemplares vendidos até o início da guerra, doze milhões ao fim.

Depois disso, não por acaso, foi o livro mais renegado da história. Após a Segunda Guerra, todos diziam que, apesar de possuí-lo, nunca o haviam lido. Esses 12 milhões de exemplares foram destruídos na mesma velocidade que foram vendidos. Até hoje, sua distribuição é proibida pelo Ministério das Finanças da Baviera, última região em que Hitler registrou domicílio e, portanto, detentor dos direitos autorais do livro. Se por respeito às vítimas do Holocausto ou se por medo de que sua leitura incite o ressurgimento do nazismo, o fato é que é proibido na Alemanha. No Brasil, você pode comprar pela internet e, por módicos R$ 60, receber no conforto da sua casa as amargas lições nazistas.

Mas voltando ao gancho do texto, sobre a importância do documentário francês nesse momento, o fato é que, em 2015, daqui a sete anos, a obra cairá em domínio público. Deixar a hipocrisia de lado e autorizar a difusão da obra pode ser uma chance da Alemanha ter, por exemplo, como propôs o jornalista francês Pierre Passouline em seu blog, uma edição crítica, com notas, prefácio e comentários. A história já mostrou, à própria Alemanha inclusive, que discutir um problema é muito mais saudável - e menos perigoso - do que encobri-lo.

8 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho esse livro e concordo com o final do seu texto que o melhor jeito de nao errar novamente é mostrar e provar o quanto esse livro tem ideias erradas e que nunca mais podem voltar a ser seguidas, Ja vou colocar esse video nos meus favoritos, e parabens pelo texto

ScullyMulder disse...

Concordo com vc. É interessante como esse mundo (europeu, diga-se de passagem) é cheio de contradições. Um mundo em q deve-se liberar camisinha, maconha , aborto, entre outras coisas, esconde-se o conhecimento. conhecer, em muitas ocasiões, nos ensina a não errar uma segunda vez.

Uriel Gonçalves disse...

eu fiquei muuuuuuito curioso pra ler esse livro.

Unknown disse...

Independentemente de seu conteúdo, o livro foi feito para ser lido. A interpretação cabe a nós mesmo, portanto sabe-se bem onde mora o perigo. E com certeza não é no livro...

Anônimo disse...

Devemos conhecer o livro para depois termos meios de acabar com essas idéias nazistas.

Anônimo disse...

Eu acho, que cada um têm sua opinião.. Nós não estavamos lá para saber como acontecia mesmo. Intão naum devemos falar se isso é certo ou não. Se Hitler de fato era um homem "estranho" e tals..

Anônimo disse...

como e o nome do livro pra mim pidir pro meu pai o lula comprar

ww? nhg?dsw disse...

Quero saber como baixar o livro na rede.