31.5.08

Repórter bom é repórter vivo

Foi muito triste o que aconteceu com a equipe de jornalitas cariocas de O Dia, que foram torturados após terem sido descobertos por milicianos quando moravam há 15 dias na Favela do Batan, em Realengo, para retratar como vivem as pessoas coagidas pelo poder das milícias. Os três foram torturados por sete horas e meia, com choques elétricos, socos e pontapés. A denúncia é manchete da edição deste domingo de O Dia, que chegou na tarde deste sábado às bancas.

Durante a sessão de tortura, a repórter chegou a ser submetida a uma "roleta-russa" e viu um marginal rodar o tambor do revólver e apertar por duas vezes o gatilho da arma, apontada em sua direção. Os milicianos, que tiveram o apoio de policiais militares, enfiaram ainda um saco plástico na cabeça da jornalista. Após serem torturados e terem o dinheiro e os equipamentos roubados, os três foram libertados às 4h30m na Avenida Brasil.

O episódio está sendo considerado a mais dura limitação imposta à atividadde jornalística desde a ditadura militar. E é de fato. Acontece que repórter não é detetive, nem policial. Uma coisa é jornalismo investigativo, outra é colocar sua vida em risco, repetindo o mesmo erro de Tim Lopes, que já havia sido repetidamente avisado sobre o risco que corria ao empregar seus métodos de reportagem.

É duro dizer isso, mas é a pura verdade. Em entrevista ao Globo Online, Aziz Filho, presidente do Sindicato de Jornalistas do Rio, disse que nenhuma matéria ou prêmio jornalístico valem arriscar vidas, mas ressalta que ainda não sabe que tipo de medida de segurança foi adotada pelo jornal. Na mesma matéria, há o depoimento de Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, para quem os jornalistas se arriscam para satisfazer as necessidades de informação da sociedade. "A equipe torturada cumpriu com coragem e firmeza a sua obrigação de informar". Desculpe, Azêdo. Não tenho um décimo da sua experiência, da sua bagagem, da sua importância como jornalista que teve para a imprensa brasileira, mas, embora a atividade do jornalista seja muito importante sim, não é fundamental como a de um médico ou dos próprios policiais.

Podemos sobreviver sem informação sobre nossa realidade (muito importante, mas não biologicamente vital). Não podemos é arriscar nossas vidas para que outras pessoas tenham a informação. Repórter bom é repórter vivo. Essa coisa de mártir é muito bonito, mas que cada jornalista se coloque no lugar de suas mães, pais, irmãos, mulheres, maridos e filhos.

3 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente.

Cutucar o leão, com vara curta não dá, né!? Nem que seja por uma causa. Acho que faltou um pouco de malícia e senso de realidade para essa equipe.

Espero que eles se dediquem a pautas menos arriscadas.

Boa abordagem do assunto.

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Bel disse...

Também concordo e fico aliviada que vc pense assim!
Esse blog cada dia está mais interessante!!!!

Anônimo disse...

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