11.9.09

O risco e o suor de ser curador*

A primeira proposta de nomes para a programação do Café Literário, espaço do bate papo cult entre escritores na Bienal, foi entregue apenas em junho passado à organização do evento, pelo novo curador do espaço, o poeta, professor e crítico literário Ítalo Moriconi (ao lado, na foto de André Coelho). Habituado a tarefas árduas – ele foi o antologista dos elogiados Os cem melhores contos brasileiros do século e Os cem melhores poemas brasileiros do século –, Moriconi teve pouco tempo para montar a grade de nomes que estarão juntos até o dia 20 de setembro no Riocentro, mas conseguiu reunir escritores como Andrew Keen, David Graan, Tim Winton, Thrity Umrigar, Joseph O'Neill e Miguel Sousa Tavares, entre outros grandes nomes brasileiros.

– Eu assumo riscos. Nunca tive medo. O trabalho nas antologias é semelhante ao trabalho de curadoria de um espaço como o Café Literário. O que não pode é acharmos que as pessoas que não estão aqui não são boas o suficiente. Toda seleção é um risco e é claro que não contempla a todos – explicou.

Ele diz que o suor investido na seleção dos cem contos e das cem poesias treinou seu critério, tornando-o mais aberto e menos tendencioso a só selecionar o que conhecia ou o que correspondia ao seu gosto pessoal:

- O importante, tanto nas coletâneas quanto aqui no Café Literário, é contemplar a diversidade de registros e propostas, criando um equilíbrio entre isso tudo.

O convite feito ao crítico para que comandasse a escolha dos escritores e formulasse os temas das mesas literárias faz parte de uma intenção clara da Bienal: garantir seu espaço como principal evento literário brasileiro, referência tanto do ponto de vista comercial quanto para o debate literário. Desde a criação de outros eventos, como a Primavera dos Livros e a Festa Literária Internacional (Flip), a posição tradicionalmente pertencente à Bienal havia sido colocada em xeque.

– Busquei convidar para esse espaço nomes que reúnem três características: atraem bom público, têm recebido boas críticas e estão em um momento de ascensão profissional – disse, lembrando que os três traços se aplicam ao trio que abriu o primeiro encontro do Café Literário, André Sant’Anna, Lourenço Mutarelli e Ana Paula Maia.

Veja a programação completa do Café Literário.

* Texto publicado originalmente no jornal O Globo.

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