Recentemente, em um post sobre uma exposição de grafiteiros em Londres, surgiu nos comentários uma discussão sobre a mistura entre religião e arte. Não por acaso, tão logo soube que começa amanhã na Cidade do México uma exposição do artista plástico argentino León Ferrari, resolvi trazê-la para o Textos etc e reacender o debate.
Com um total de 280 obras, o Museu de Arte Carrillo Gil (MACG), da capital mexicana, abrirá a exposição de León Ferrari, um dos principais artistas argentinos, que permeou sua obra com ataques às guerras, a todas as formas de intolerância e à religião. Em sua última exposição em Buenos Aires, uma das obras que mais causou polêmica entre os cristãos foi essa aí do lado, em que Cristo está crucificado em um avião de bombardeio da Força Aérea Americana. A obre é de 1965 e serviu de protesto contra a guerra do Vietnã. A obra de Ferrari, que ganhou o Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2007, destaca-se por tentar mostrar que a violência no Ocidente teve fundamento nos textos sagrados do Cristianismo.
Segundo o site argentino da Revista ñ, citando entrevista das curadoras Andrea Guinta y Liliana Piñeiro, o que mais se destaca na obra de Ferrari é a diversidade de materiais utilizados: desenhos, fotocópias, vídeos, animações e citações bíblicas. A exposição também trará a série Nós não sabíamos (1976-1992), que mostra a repressão argentina em sua última ditadura militar e a série de colagens Nunca mais (1995), que se refere aos desaparecidos na ditadura do seu país.
Outra famosa referência bíblica em sua obra foi em 1985, quando colocou pombas presas em uma jaula defecando sobre uma cópia da tela Juízo Final, de Michelangelo. A exposição era no MAM, em São Paulo, e Ferrari foi expulso. A instalação fazia parte da série Excrementos, com obras montadas entre 1985 e 1994, em várias partes do mundo, em que aves defecavam sobre a balança da Justiça ou ainda sobre notas de dólares.
Em um texto escrito para sua última exposição na argentina, no Centro Cultural da Recoleta, Ferrari, atualmente com 88 anos, explica com vários argumentos porque usa algumas referências sobre a religião em sua arte, principalmente nas séries sobre a tortura. O texto, aliás, chama-se Sobre Torturas. Traduzi livremente o primeiro argumento e é com ele que termino o post e abro a discussão. Religião e arte, quais fronteiras podem ser ultrapassadas?
Desde o Evangelho até o Catecismo oficial da Igreja, o cristianismo anuncia que as almas dos mortos em pecado mortal - e mais adiante em seus corpos ressuscitados - são torturadas no inferno. Essa idéia, o castigo ao que é diferente, é recorrente em nossa história e originou diversos extermínios: aborígenes, judeus, bruxas, hereges, vietnamitas, iraquianos.
7 comentários:
Na minha opinião qualquer tipo de arte é aceitável, desde que não ofenda a ninguém. É liberdade de expressão.
Parabéns pelo blog!
nunca tinha ouvido falar de León Ferrari.
post bem eplicativo.
:D
http://www.andisaidgoddamn.blogspot.com/
aki esta o link onde pode ler mais sobre minha postagem
http://jogos.uol.com.br/ultnot/finalboss/2008/05/20/ult3277u16344.jhtm
Abraço!
Eu também sou outro que nunca tinha ouvido falar do León Ferrari.
A questão de ofende ou não alguem, mostrando em uma obra, é muito subjetivo. Smpre terá um ofendido.
Abraço!
Não vejo problema algum quando a arte e religião (de adoração) se misturam, como no caso do Ferrari.
Primeiramente, tudo o que ele uso são símbolos, nada além disso, e quem dá significado a isso é a própria humanidade, logo, se você não acredita naquela expressão simbólica, não lhe afetará em nada.
As pessoas que se sentem mal perante tal atitude, provavelmente são fanáticas e temerosas, fato totalmente recriminável, pois, fanatismo leva a cegueira e temer a Deus é se distanciar dele mesmo.
A Religião (do latim: "re-ligare", que significa "ligar com", “ligar novamente")
Abraços
Guilherme, obrigado pela correção!
Apesar de não achar estranho, pois sofro com essa coisas, sempre confundo esquerda com direita, e cores também!
Bom, enfim... Obrigado!
Abraços
Da-lhe Leon Ferrari... Adoro sua arte! Autentico
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